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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ELIANE MARQUES
( BRASIL – RIO GRANDE DO SUL )

 

Eliane Marques nasceu em Sant’Ana do Livramento, Rio Grande do Sul, fronteira entre Brasil e Uruguai. Advogada, reside atualmente em Porto Alegre, onde atua como Auditora Pública Externa do Tribunal de Contas do Estado. Além das Graduações em Pedagogia e Direito, é Especialista em Constituição, Política e Economia, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Mestre em Direito Público pela UNISINOS. Fez formação em Psicanálise na “Après Coup Porto Alegre Psicanálise e Poesia” e foi uma das ministrantes, nessa instituição, do curso de Direito e Psicanálise. Nesse contexto, dedicou-se à tradução do volume O Trágico em psicanálise, de Marcela Villavella, que veio a público em 2012.

Nesse mesmo ano, esteve à frente do projeto “Poetas do Futuro”, do qual participaram crianças e adolescentes acolhidos pelo Instituto Recriar, trabalho este que originou a revista Não é o bicho (2012). Foi também responsável pela organização do livro No meio da meia-lua, primeiros versos (2013), do coletivo Africanamente Escola de Capoeira Angola. E coordenou, junto com outros poetas, o AEDO – Arte e Expressão da Oralidade – Festival de Poesia, bem como as várias edições do Porto Poesia. Sua atuação como intelectual e escritora abarca ainda a coordenação do projeto “Escola de Poesia”, bem como a coordenação editorial da revista OVO DA EMA.

Como autora, integrou, em 2008, a coletânea Arado de palavras, ao lado de outros autores sulistas, bem como a revista Água Viva. Sua primeira publicação individual, Relicário, de 2009, dá mostras do talento de Eliane Marques com a arte da palavra em poemas que demonstram uma estruturação harmoniosa e inventiva, voltada à memória e a seus precursores. No momento, além estar à frente da Escola de Poesia, e do selo editorial Orisum Oro, idealizado por ela, figura como fundadora-coordenadora do Clube Amefricano de Tradutoras.

Lançado em 2015, E se alguém o pano – vencedor do Prêmio Açorianos – revela a proeminente capacidade criativa e estética da poeta, ao apresentar-nos textos inovadores, lastreados em elevado rigor formal. Os poemas, em primeiro momento, exigem um modo de leitura diferente do convencional: um olhar poético escrutador, não automático, que desconfia e investiga. Feito isso, o que já aparecia como fenomenal, pela riqueza de imagens, sons, ritmos e efeitos, se revelará como um universo poético multidimensional. E nesse mundo de belezas, como linha nevrálgica que interliga tudo, encontramos um sujeito étnico feminino, traduzido pelo lugar de fala textual de onde se projeta uma mulher negra autora, sujeito de si, insubmissa, peculiar, que com maestria “dissimula uma raiva contida, bem aplicada, isto é, um tipo de disposição textual capaz de conferir à forma um enviesamento mais cortante, impiedoso: o estilo da revanche.” (AUGUSTO, 2015, p. 12). Em E se alguém o pano, o tratamento pungente dado à construção de uma memória que nos remete à história das diásporas e à experiência do ser negro(a) no mundo é notório e merecedor de uma recepção crítica mais ampla do que a existente até o momento.

Em 2021, vem a público em edição bilíngue português-espanhol o volume de poesia O poço das marianas, vencedor do Prêmio Minuano 2022 e finalista do Prêmio da Associação Gaúcha de Escritores daquele ano.

Em 2023, Eliane Marques estreia no romance com a publicação de Louças de família – texto em que dramatiza a vida de mulheres negras prisioneiras da servidão doméstica herdeira do escravismo, a partir da memória recuperada das ancestrais, numa verdadeira "arvore genealógica" da exploração que atravessa corpos e vidas inteiras de gerações de mulheres negras. Ao que acrescenta a voz narrativa: "preciso expor o peso dos quatrocentos anos de insulto, de paciência, de esforços herculâneos para apenas querer viver um pouco." Em sua resenha do livro, a pesquisadora Munah Malek acrescenta: "a escrita dura, violenta e direta de Marques é a única forma possível de materializar a dor das mulheres que vão desaparecendo uma a uma ao longo das três partes do livro. Não há espaço para respiro em corpos intoxicados pelo pó das casas-grandes que nem na morte encontram repous

o."

Reeferências

AUGUSTO, Ronald. O estilo da revanche em e se alguém o pano. In: MARQUES, Eliane. e se alguém o pano. Porto Alegre: Escola de Poesia, 2015.

MALEK, Munah. Elaborar o trauma. In: Quatro Cinco Um – a revista dos livros, ano sete, número 68, abril de 2023.

 

Ver a Bibliografia da autora em :
http://www.letras.ufmg.br/literafro/autoras/242-eliane-marques

 

ALEF – Revista de Literatura Ibero-americana.  Ano I no. 1.  Editores: Ana Laura Kosby  e Marco Celso, Huffell Viola.  Gramado, Rio Grande do Sul, Brasil: maio 2012  56 p.  
Ex. bibl. de Antonio Miranda

 


nada de césares antônios duques de Caravaggio
aton amon moisés jesus zeus poseidón, nenhum
talvez catarina maria ana, mas não ave ou bolena
muito menos Aragão jardins suspensos versailhes
ou éden par agrados consolos palácio ou deleite
de um deus aborrecido, rainha princesa anoréxica
certo é que cerâmicas se cansam de exploradores
caracóis bem cedo se cansam dos ouvidos de mar
certo é que tarde a lavadeira abandonou o arroio
o cárcere de espumas , o cemitério daqueles nomes
nomes imóveis como luas ou pregos na parede
então tudo retrato três por quatro de restevas
entulho de frases, quando muito, dentes no fruto
traído d´alguma árvore, demasiado fruto, meio podre
meio doce meio azedo, pedaço epilético
feito cruz na estrada prá alma ou ânimo, de
cheiro forte, que te parte como mordida de lobo
que germina na estação das enxadas
tapete onde carretas como se fossem sonhos
manchas na camisa como se fossem aquele arroio
terreno proibido onde as ordens de todos os amos
as joias da família, cantão onde a morte joga damas
dois mil braços como durga luvas polvo mammy
mais cinco vezes esse número de esperantos
são chuvas onde as crinas dos cavalos
outro pranto as palavras as galinhas
os desaparecidos recolhem seu corpo
o queijo ameaça um rato com a morte
a febre é pouco e muito a cada verano
onde cabeças com seus pompons fomes de ponta
para as quais não bastam as sextas-feiras a sexta posição
as balas de pistola ou de morango
mas se christophen fuma sua pipa
e continuarão com sua brancura as louças
e a memória, templo de ademanes
no seu trabalho de coveira, as águas calam aquele nome
e não se sabe, afinal, por que alguém retrasa a chegada da noite

 

*

VEJA e LEIA outros poetas do RIO GRANDE DO SUL em nosso Portal:

 

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grade_sul/rio_grande_sul.html

 

Página publicada em outubro de 2023


 

 

 
 
 
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